domingo, 24 de julho de 2011

Lapa/PR - Cidade histórica.

Embora esteja logo aqui ao lado, em torno de 65 km e apenas uma hora de viagem a partir de Curitiba, havia tempo que planejava levar minha esposa, Ana Paula, e minha filha, Ana Carolina, para visitar a cidade histórica da Lapa, na região sul do Paraná, cidade em que passei muitos dias agradáveis durante minha infância, por força do trabalho de minha mãe, mas sempre aparecia algum evento ou situação que acabava por adiar a empreitada. Porém, a alguns dias atrás, levantamos inspirados em um sábado e caímos na estrada para visitar essa fantástica cidade.

A Lapa é um município brasileiro do estado do Paraná e sua população, baseada em dados de 2010, é de 44.936 habitantes.

A exploração da erva-mate e a atividade tropeira fizeram parte das atividades econômicas de sua história. Atualmente, apesar de ser um município mais diversificado em sua base econômica, tem no turismo, devido ao seu passado histórico, uma grande fonte de renda, o que mostra a beleza existente em seu Patrimônio Histórico e Cultural. Sua primeira denominação foi de freguesia de Santo Antônio da Lapa, sob a jurisdição da vila de Curitiba, em 1797. Em 1806, devido ao rápido crescimento do povoado, tornou-se a Vila Nova do Príncipe. Após algumas mudanças de jurisdição, finalmente, em 7 de março de 1872, a Vila Nova do Príncipe, desmembrada da Vila Rio Negro, foi elevada à categoria de cidade, com a denominação de Lapa.
É uma cidade tranqüila. Possui boa infraestrutura de saneamento básico, escolas (inclusive de nível superior),transporte, saúde e lazer.

O município é conhecido historicamente por ter sido palco do famoso Cerco da Lapa. Em 1894, houve um sangrento confronto que envolveu pica-paus, favoráveis à república, e maragatos, contrários à dependência do Rio Grande do Sul como uma unidade federativa dentro do Brasil. Nesse fato histórico tombou em combate o General Gomes Carneiro.

O Cerco da Lapa

Durante a Revolução Federalista em 1894, a Lapa tornou-se arena de um sangrento confronto entre as tropas republicanas, os chamados Pica-paus, e os Maragatos, contrários à república. A Lapa resistiu bravamente até que os Lapeanos, comandados pelo General Ernesto Gomes Carneiro, caíram em combate. Resistiram ao cerco por 26 dias, mas sucumbiram ante ao maior número do exército republicano. O episódio ficou conhecido como o "Cerco da Lapa" e deu ao Marechal Floriano Peixoto, presidente da república, tempo suficiente para reunir forças e deter as tropas dos maragatos. Ao todo foram em torno de 900 homens, entre forças regulares e civis voluntários, lutando contra as forças revolucionárias formadas por três mil combatentes. Os restos mortais do General Carneiro, assim como de muitos outros que tombaram durante a resistência, estão sepultados no Panteon dos Heróis, vigiados permanentemente por uma guarda de honra do exército brasileiro.
Igreja Matriz de Santo Antonio


É a construção mais antiga da cidade, seu estilo é colonial português simples. Sua construção foi iniciada em 1769 e concluída em 1784. Inicialmente, a técnica usada na sua edificação foi a de "taipa de pilão" ( terra úmida comprimida entre tábuas móveis ). Os negros escravos contribuíram de forma significativa para sua construção. Seu interior tem estilo sóbrio e acolhedor.


 
Igreja Matriz de Santo Antonio


Praça Central e Igreja Matriz de Santo Antonio

Panteon dos Heroes

Foi construído para comemorar o cinquentenário da Revolução Federalista (Cerco da Lapa) em 1944; por incentivo e iniciativa do professor e historiador David Carneiro. Está entre os mais importantes e significativos monumentos cívicos do Paraná.

Alí estáo sepultados os restos mortais dos heróis, que bravamente lutaram em defesa do Brasil em 1894 (Gal. Antônio Ernesto Gomes Carneiro, Tenente-Coronel Aminthas de Barros Braga, Coronel Cândido Dulcídio Pereira, Tenente-Coronel Joaquim Rezende Corrêa de Lacerda).

Ao lado do Panteon dos Heroes, um painel inaugurado em 1991 é composto por 9 placas em bronze de 0,60 m x 1,00 m, homenageando personagens lapeanos que se destacaram na história em âmbito local, nacional e internacional. Receberam a homenagem: Ubaldyno do Amaral; Joâo Cândido Ferreira; Dr. Manoel Pedro Santos Lima; Joaquim de Almeida Faria Sobrinho, Barão dos Campos Gerais; Victor Ferreira do Amaral; Joaquim Rezende Correa de Lacerda, o Embaixador Hippólyto de Araújo e Ney Braga.

Vista de toda quadra aonde fica o Panteon dos Heroes

Panteon dos Heroes

Entrada do Panteon
Interior do monumento

Painel em homenagem aos lapeanos que se destacaram

Largo Francisco Cunha Pereira Filho

Largo leva o nome do ex-diretor-presidente do jornal diário Gazeta do Povo, que marcou a história do município. O espaço tem uma estátua de autoria do artista plástico Luiz Gagliastri, que registrou Cunha Pereira sentado, lendo um jornal e com um dos pés indicando a cidade da Lapa no mapa do Paraná.
A família da mãe de Cunha Pereira, Julinda Ferreira, marcou a história da Lapa, com a participação efetiva em momentos importantes. O avô de Cunha Pereira, o médico João Cândido Ferreira, integrou o time de heróis do Cerco da Lapa, atuando no atendimento aos feridos na ocasião.
Estátua de Francisco Cunha Pereira Filho

Uma vista de todo o Largo

Casa da Memória ou Casa dos Cavalinhos

Construída em 1888, recebeu este nome por ter em sua fachada 10 cavalos com asas. Isso se deve ao fato de seu primeiro dono ter sonhado com cavalos alados e ganho o prêmio máximo da loteria imperial. Posteriormente, a casa dos cavalos alados foi restaurada com o objetivo de manter e conservar os documentos e objetos históricos da cidade.


Casa da Memória ou Casa dos Cavalinhos

Uma rua da cidade da Lapa


A comida típica lapeana consiste em :Salada Mista, Virado de Feijão com Torresmo, Ovos e Lingüiça, Arroz Carreteiro, Arroz Branco, Quirera Lapeana, Couve Manteiga Refogada, 
Bisteca de Porco, Filé, Frango c/Farofa, Macarrão e Fritas.


Almoçamos em um restaurante tradicional localizado na antiga "Rua das Tropas", uma avenida que possui 3 Km de jardins e extenso calçadão, essa rua foi utilizada como passagem dos tropeiros que fundaram a cidade.


Almoço de comida típica lapeana

Em frente ao restaurante

Antiga Rua das Tropas

Casa de Câmara e Cadeia e Museu de Armas
Foi a primeira casa de detenção da cidade, construída na metade do século XIX e inaugurada em 1.868. O Plano para a construção da obra da cadeia foi feito em 1839, mas somente onze anos mais tarde, em 1848, foi dado início à obra, que foi inaugurada quase trinta anos após a sua edificação.
Como em Portugal, também no Brasil o imóvel de arquitetura luso-brasileira simbolizava a autonomia municipal, tendo sido visitada por D. Pedro II em 1880.

A construção é constituída na sua parte inferior de pedras areníticas da região e a parte superior feita em estuque (argamassa com cal, areia e pedras), sendo o único exemplar no Paraná e um dos poucos no Brasil.

A parte inferior da obra foi utilizada como cadeia a partir de 1862. Abrigou ainda o 13º Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional, Museu e Escola Normal Novo Ateneu, sofrendo inúmeras descaracterizações. Posteriormente, passou por um processo de restauração com o objetivo de resgatar a arquitetura original, sendo tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Para uma melhor visualização da construção foi necessária a demolição de duas casas que estavam ao lado do edifício. O Museu começou a ser projetado em 1972 e inaugurado dois anos mais tarde, com o interesse de abrigar o acervo particular de armas, referente à Revolução Federalista de 1.894, onde podemos visualizar, além das armas, fotolitos e objetos antigos. Conserva ainda armas utilizadas nas Primeira e Segunda Guerras Mundiais.

Atualmente em seu andar superior está a Câmara de Vereadores, e no pavimento térreo, desde 1993, o Museu de Armas.


Frente da Casa de Câmara e Cadeia e Museu de Armas

Lateral da edificação

Ordem dada pelo General Gomes Carneiro, em 1894, durante o Cerco da Lapa

Sino original da época da cadeia

Armas que foram utilizadas na 1º e 2º Guerra Mundial e no Cerco da Lapa

Canhão utilizado no Cerco da Lapa


Casa Lacerda

O Museu Casa Lacerda segue as normas do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se constituí da casa da Família Lacerda, construída entre os anos de 1842 e 1845. Erguida em alvenaria de pedra, com as paredes internas de estuque (estrutura de peças verticais de madeira falquejada, com ripas horizontais em ambos os lados e revestidos com argamassa de cal e areia) abriga em seu interior interessantes objetos e móveis antigos que demonstram o modo de vida de uma família do século XIX.

O casarão em sua concepção original acumulou as funções comercial e residencial. Na década de 1920 foram realizadas algumas adaptações internas as quais não chegaram a descaracterizá-lo.

Durante a Revolução Federalista de 1894, serviu como quartel da Segunda Brigada. Neste solar foi assinada a Ata de Capitulação da Lapa. Esse fato histórico, motivou o tombamento do imóvel em 1938.

A Casa Lacerda é o único museu Federal na cidade da Lapa e oferece aos turistas a sensação nostálgica de viver no século XIX, em virtude da preservação da decoração original. Ainda proporciona outros atrativos culturais como uma gama diversificada de exposições, segundo exigências feitas pela doadora D. Cecília Lacerda.

Cobra-se uma entrada de R$ 2,00 por pessoa. Estudantes pagam meia e acima de 60 anos não pagam.


Frente da Casa Lacerda

Cristaleira com porcelanas usadas pela família Lacerda

Geladeira da época

Cozinha da casa

Varanda na parte dos fundos da casa

Sala de visitas

Quarto das meninas, detalhe para o penico 
(formalmente conhecido por urinol) debaixo da cama

Banheiro que só foi construído na década de 1920, 
depois do nascimento do 15 filho da família

Theatro São João

O edifício se constitui em uma das mais precioas peças arquitetônicas do acervo edificado na Lapa. Com capacidade para 212 espectadores foi inaugurado em 1876, em arquitetura neoclássica, sendo o autor do projeto o primeiro Engenheiro Civil formado no Paraná, Dr. Francisco Therézio Porto. A iniciativa de construção foi da Associação Literária Lapeana, fundada em 1884. Esse edifício abrigou o acervo de livros desta associação, sendo a sede da biblioteca. É o terceiro teatro mais antigo do Brasil em atividade.

No Brasil, existem apenas dois exemplares arquitetônicos neste estilo: na Lapa - Paraná - e em Sabará - Minas Gerais. Esta construção, apesar das limitações do terreno, tem sua planta muito bem resolvida, propiciando belíssimo efeito espacial ao transpor-se o foyer e ingressar na platéia, com o pé direito duplo e duas ordens de camarotes. A singeleza da fachada, pouco diferente das construções vizinhas, a não ser pela presença do frontão triangular ornado com apliques de argamassa com a riqueza plástica e o apuro artesanal do trabalho em madeira da platéia. As pequenas dimensões, por outro lado conferem ao espaço uma atmosfera intimista, possibilitando uma maior aproximação entre atores e espectadores.

Talvez devido às arcadas dos camarotes, o Theatro São João tem sido, ao longo dos últimos anos erroneamente classificado como de "estilo elizabetano". A classificação tipológica de um espaço cênico, porém, é estabelecida em função das características de seu palco que, no caso deste teatro segue a tradição italiana.

Esta construção sofreu três restaurações consecutivamente em 1929, 1950 e em 1976. Foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Paraná em 1969 e pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1985.

Recebeu a visita histórica do Imperador D. Pedro II, em junho de 1880 e, em 1894, durante o Cerco da Lapa, episódio da Revolução Federalista, funcionou como hospital e enfermaria. Foi uitlizado também para outras finalidades onde abrigou o Cine Imperial, o Salão de Leilões e ainda, a Radio Legendária que permaneceu por 25 anos neste edifício.
Em seu palco apresentaram-se artistas renomados, sendo que em sua inauguração foi apresentado o espetáculo da Companhia Souza Bastos de Operetas, de 1887, pela atriz espanhola Pepa Ruiz.

Foi convertido em enfermaria – como também outros imóveis – durante o cerco que a cidade sofreu, em conseqüência da Revolução Federalista. Nessa época, 1894, foi bastante avariado pelas balas dos canhões das tropas que assediavam a cidade.

Atualmente, além de palco para atrações teatrais, o Theatro São João é utilizado em reuniões, palestras culturais e exposições de obras de arte. É permitido fotografar seu interior.


Fachada do Theatro São João

Interior do Theatro São João

Um dos camarotes do teatro

Camarotes e platéia do teatro

4 comentários:

  1. Adorei como registrou e postou o que viu na Lapa. Já visitei e fiquei encantada com tudo isso... sem falar na comida desse restaurante que é dos deuses!!! Parabéns pela postagem! Ana Paula.

    ResponderExcluir
  2. incrível!realmente muito bom sua postagem...

    ResponderExcluir
  3. Magnânima postagem, esta da Família Souza!
    Como lapeano eu ainda desconhecia tantos detalhes históricos aqui trazidos à luz, com sabedoria e amor à cultura. Parabéns!!!
    Curitiba, PR, Junho de 2013.
    Acir Niz, o Poetinha Armeniz. http://poetinhaarmeniz.blogspot.com
    poetinha25armeniz@gmail.com

    ResponderExcluir
  4. ...Porque retornar a esta postagem maravilhosa que vocês, digníssima Família Souza, compilaram sobre a Lapa, o meu querido torrão natal, é, de longe, mais aprazível que ir até lá... Pois aqui o coração se aquece com boas e pungentes recordações através os seus textos e fotos elucidativas... Enquanto lá, in loco, a dureza da realidade social trava-nos os bons sentimentos de outrora, quando ali, molequinhos, corríamos e traquinávamos, felizes a não mais poder...
    Sou-lhes grato!!!
    Por registrarem imagens e captarem picos históricos daquela Lapa que o meu coração quer por que quer, assim bonita, bucólica e pungente manter viva em meu peito.
    Abraços,
    Armeniz Müller.
    Um poetinha Lapeano, sim senhor.
    http://blogdopoetinhaarmeniz.blogspot.com.br

    ResponderExcluir

Seus comentários serão sempre bem-vindos.