domingo, 26 de junho de 2011

San Bernardino, Victorville, Route 66, Baker, Death Valley e Las Vegas - dia 13 de junho de 2011

Nesse dia saímos cedo de San Diego, já que teríamos um percurso longo e cheio de paradas interessantes até Las Vegas. A primeira delas foi em San Bernardino para conhecer o primeiro restaurante McDonald's, que começou quando dois irmãos, chamados Dick e Mac McDonald, abriram uma barraca de cachorro-quente em Arcadia, Califórnia, em 1937. Como o movimento não era aquelas coisas, eles decidiram, em 1940, se mudar para San Bernadino, nas margens da Route 66, onde o movimento, na época, era maior e abriram uma lanchonete chamada McDonald's, na qual o cardápio era baseado em 25 itens, a maioria deles sendo churrasco.

O primeiro hambúrguer do cardápio foi vendido  por US$0,15 e, em 1948, depois de perceberem  que a maior parte do lucro deles vinha da vende de hambúrgueres, os irmãos fecharam o restaurante por diversos meses para criar e implantar um inovador Sistema de Serviço Rápido, uma espécie de montagem em série para os hambúrgeres. Quando o restaurante foi reaberto ele passou a vender somente hambúrgeres, milk-shakes e batatas fritas, tornando-se em um verdadeiro sucesso, cuja fama se espalhou de boca a boca. De lá para cá, eles venderam a rede, ainda no início da década de 1960, a qual se transformou em uma das marcas mais conhecidas do mundo.


San Bernardino - Route 66 - 1º McDonalds

Placa histórica

1º McDonalds em San Bernardino

Placa do 1º Mc Donalds


Depois de San Bernardino e do primeiro McDonald's, fomos a Victorville, cidade localizada 40 milhas ao norte e a partir de onde pegaríamos a famosa rota rodoviária e visitaríamos um museu dedicado a ela.

O Historic and Contemporary Route 66 Museum, 16825 South D Street on Route 66, Victorville, abre de quinta a segunda, das 10h às 16h, exceto aos domingos, que abre das 11h às 15h, e lá é possível entrar em contato com mapas, mobiliários, veículos, equipamentos e outros itens dos mais variados gêneros ligados à época e à cultura que girava em torno da rota. Além disso, é possível adquirir souvenirs, vídeos, fotos e outros artigos que relembram a Route 66. O museu é mantido por um grupo de pessoas voluntárias, todas elas mais velhas e que viajaram a route nos velhos tempos. Fomos muito bem recebidos e, durante toda nossa visita, recebemos informações adicionais e brochuras sobre lugares interessantes a serem conhecidos em uma viagem pela rota. Isso nos fez refletir sobre algo interessante, os museus que visitamos, e que são mantidos por pessoas mais velhas, foram passeios mais prazerosos do que aqueles em que jovens são responsáveis pelo local. Exemplo claro disso foi o museu do Corpo de Bombeiros de San Diego, um local até bacana, com um bom acervo, mas no qual as pessoas responsáveis (um rapaz que cobrava ingresso para visitação e um guarnição de bombeiros que faziam manutenção do local) não estavam muito preocupados em nos fazer se sentir confortáveis com a visita. Muito diferente do museu do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, onde fomos muito bem tratados pelos bombeiros aposentados que cuidam do local.

Em Victorville, museu da Route 66

Victorville

Bomba de combustível de um posto na route 66

Victorville Old Town, uma das centenas de cidades por onde passa a route 66

Museu da route 66


Depois da visita ao museu da Route 66 em Victorville demos uma paradinha em um McDonald's para comer alguma coisa e pegamos a rota em direção a Barstow. A sensação de dirigir na mítica estrada é fascinante, aliada à paisagem totalmente distinta do que tínhamos visto até aqui, em especial na Pacific Coast Highway, e do que estamos acostumados na região em que vivemos, é uma experiência única e só quem já teve a oportunidade para saber do que estou falando.

Em Barstow paramos para dar uma olhada nos murais que foram pintados ao longo de sete quarteirões, por onde passa a Route 66 na área urbana da cidade, e que retratam as paisagens e a história da estrada.

Continuamos pela Route 66 e nosso próximo objetivo era chegar a Calico, uma cidade-fantasma localizada nas proximidades da rota. Fundada em março de 1881, a cidade de Calico chegou a ter 1.200 habitantes, a grande maioria deles mineiros em busca de riqueza com a extração de prata e borax, tendo chegado a produzir US$86 milhões do primeiro minério e US$ 45 milhões do segundo. Essa produção de riqueza perdurou até 1907, quando, como a maioria das cidades do velho oeste americano, com a queda do preço da prata de US$ 1.31 para US$ .63, tornou-se uma cidade-fantasma. Atualmente, ela é uma das poucas remanescentes das cidades mineiras do oeste dos EUA, a qual foi doada ao condado de San Bernardino por Walter Knott, fundador da Knott's Berry Farm, em cujas terras se localizavam as antigas instalações de Calico.

É possível visitar a cidade o ano todo, exceto no dia de Natal, das 08h da manhã até o escurecer (o que vai depender da época do ano) e as lojas e atrações (como o trenzinho que faz o passeio por todo o vilarejo e por dentro de uma das minas) funcionam das 09h às 17h. A entrada para o parque custa US$ 6 por pessoa e o acesso é feito a partir da Route 66 ou da I-15 e pegando depois a Ghost Town Road, apenas alguns minutos ao norte de Barstow.

A visita à cidade fantasma de Calico é muito bacana e, se possível, reserve pelo menos meio dia para visitá-la. Dependendo da época do ano, prepare-se para enfrentar um calor escaldante e um ar seco de rachar, não é à toa que se está no Deserto de Mojave e às portas do Death Valley.

Route 66

Retão da Route 66

Route 66

Mural em Barstow, cidade que é cortada pela Route 66

Mural em Barstow, cidade que é cortada pela Route 66

Calico Ghost Town


Mapa da Calico Ghost Town

Banheiro em Calico

Bombeiro em Calico

Caminhão de Bombeiro 

Calico

Calico, no meio do Deserto do Mojave

Rua de Calico

Linha de baldes utilizados para apagar incêndios em Calico

População de Calico

Prefeitura de Calico

No estacionamento de Calico, só dava para ver o deserto


Após o passeio muito legal em Calico, caímos novamente na estrada em direção a Baker, cidade auto-intitulada como "The Gateway to Death Valley" (O Portal do Vale da Morte) e que, segundo o senso de 2010, estava com extraordinários 735 habitantes. O que chama a atenção na cidade, no entanto, é a existência do "termômetro mais alto do mundo", com 134 pés (aproximadamente 41 metros) de altura e que marca, principalmente no verão, algumas das temperaturas mais altas do EUA. No horário em que tiramos a foto abaixo o termômetro marcava 114ºF (ou algo em torno de 45ºC), um calor dos infernos, além da secura de matar. O termômetro, erguido por um comerciante de Baker, está localizado ao lado do restaurante Big Boy e do visitor center do Mojave National Preserve. Segundo dados do sistema meteorológico americano, a mais alta temperatura marcada pelo termômetro de Baker foi de 134ºF (próximo de 57ºC).

Termômetro mais alto do mundo, em Baker/CA

Porta de entrada para o Vale da Morte

O termômetro fica ao lado do restaurante Big Boy

Passando pelo Vale da Morte

Pegando a estrada novamente, em direção a Las Vegas/NV, pela I 15, quando entramos no estado de Nevada, mais especificamente na área da cidade de Primm, demos de cara com uma mega instalação, composta por um parque de diversões, hotel e outlet, no meio do deserto, literalmente no meio do nada. Pior, lotado, com excelente lojas e, aparentemente, com grande fluxo de usuários. Agora, a pergunta que não quer calar, de onde vem o povo que trabalha naquele lugar???? Se tiverem um pouco de curiosidade, deem uma olhada no Google Earth e vejam onde fica o local. Demos uma parada para conhecer e aproveitar para utilizar as instalações sanitárias (eufemismo para "sair do aperto") e tocamos viagem para Las Vegas. 


Na chegada a Las Vegas fomos direto para a Fremont Street, rua localizada no coração da cidade e considerada a segunda rua mais conhecida de Las Vegas, atrás apenas da Las Vegas Boulevard, a famosa Strip. O nome "Fremont" é uma homenagem ao explorador americano John Charles Frémont. Fremont Street foi o endereço de muitos cassinos famosos e hoje é uma rua coberta cujo teto é a maior tela do mundo, com 12,5 milhões de leds sincronizados que produzem imagens de alta resolução, onde são projetados shows e espetáculos de luz e som. 

Fremont - rua coberta de Las Vegas

DeLorean carro do filme De Volta para o Futuro

Fremont e seus luminosos

Espetáculo de luz e som da Fremont - acontece de hora em hora, a partir das 20h, e dura 15 minutos

Mais uma da Fremont - preste a atenção na combinação com a mocinha aí da foto.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

San Diego - dia 12 de junho de 2011

Após dois dias na área de LA County, caímos novamente na estrada, ainda em direção ao sul, mais precisamente à última fronteira do oeste americano, San Diego, na divisa com a mexicana Tihuana.

Saímos cedo de Anaheim, pois faríamos uma parada em Carlsbad, mais precisamente no Premium Outlet da cidade para dar uma garimpada nas pontas de estoque de marcas famosas, que normalmente, valem a pena. Almoçamos por lá mesmo, em um restaurante muito bacana, de uma rede chamada Ruby's Dinner, que tem seus estabelecimentos inspirados nos restaurantes dos 1940. Para variar, como em todos os outros lugares que comemos, duas constatações comprovaram-se regra, a comida é muito bem temperada e a quantidade é acima dos nossos padrões. Para quem não está acostumado a comer em grandes - e quando digo grande, é grande mesmo - quantidades, as porções dos restaurantes do Tio Sam são bem generosas (não se enganem com as fotos).

Interior do restaurante Ruby's Diner

Lanche que a Ana Paula pediu - THE RUBYBURGER

Meu lanche - HICKORY BURGER

Bem alimentados, pegamos a estrada em direção a San Diego, onde chegamos por volta de 14h e fomos direto para o hotel fazer o check-in e deixar as bagagens. Ficamos no Sheraton Mission Valley Hotel, um dos melhores da viagem, com quartos amplos e confortáveis (todos os quartos possuem, pelo menos, duas queen beds). Procedimentos realizados, bagagens no quarto, saímos para visitar o museu do Corpo de Bombeiros de San Diego, o San Diego Firehouse Museum, 1572 Columbia Street. O museu é bem organizado, tem um número razoável de viaturas e equipamentos, além de fotos e outros itens interessantes que contam a história do Corpo de Bombeiros, no entanto, confirmando a regra de que "a ignorância é uma benção", depois de conhecer os museus do Corpo de Bombeiros de Tokyo (o mais incrível de todos), New York e LA, fica difícil não encontrar defeitos, principalmente com relação à receptividade do local e do interesse (ou desinteresse) demonstrado pelos que lá estavam cuidando do local. Tanto é que, em menos de uma hora, saímos de lá, em especial eu, um tanto quanto decepcionados.


 Nosso quarto em San Diego- Sheraton

 Bombeiro de San Diego

 Carro do Museu do Bombeiro de San Diego


Do museu do SDFD fomos conhecer a Old Town San Diego State Historic Park, local que presta tributo às influências culturais que fizeram a Califórnia um lugar especial. Em uma área de aproximadamente oito quarteirões há várias edificações restauradas e reconstruídas, utilizadas hoje como museus, lojas e restaurantes e que datam do período da antiga San Diego, entre 1821 e 1872. Essa localidade, originalmente, era habitada pelos Kumeyaays, nativos da região, e que foram praticamente dizimados durante o período de colonização espanhola a partir de 1769, quando foram construídos o presídio e a primeira das 21 missões californianas. Depois da independência do México, em 1821, o pequeno povoado passou a receber novas levas de imigrantes e as principais edificações, ainda existentes hoje, em tijolos de argila secados ao sol, datam dessa época, já que havia escassez muito grande madeira na região. Em 1846, México e Estados Unidos entraram em guerra e, em 1848, após o fim da guerra, de acordo com o Tratado de Guadalupe Hidalgo, uma nova fronteira entre os dois países foi definida, transformando a área de San Diego em território americano.

Entre as principais edificações, a Casa de Estudillo chama a atenção pela sua beleza e pela importância da família que a construiu e ocupou entre os anos de 1827 e 1887. O capitão Jose Maria de Estudillo, comandante do Presidio de San Diego, a construiu entre 1827 e 1829, quando morreu, em 1830, a casa passou para seu filho, Jose Antonio de Estudillo, tesoureiro, prefeito e juiz de San Diego durante o período de domínio mexicano e, após passar para o domínio americano, assessor e tesoureiro do Condado de San Diego. A casa começou a ser restaurado em 1910 e abriga um museu que mobiliário, decoração e artefatos que remetem ao período da existência da Old Town.

Outra edificação importante é a Colorado House, construída em 1851, por Cave Couts, e que abrigou um bem sucedido restaurante, hotel e casa de jogo. Atualmente é o Wells Fargo History Museum que apresenta peças históricas relacionadas a atividades bancárias, de mineração e de viagens naquele período, há lá, inclusive, uma carruagem original de 1867.

Várias outras edificações históricas fazem parte do conjunto e que valem uma visita. Além do mergulho na história da região, o local dispõe de restaurantes muito bacanas, com música ao vivo, como o Fiesta de Reyes, e lojas de souvenirs.

La Casa Del Estudillo - San Diego Old Town




 Banco na San Diego Old Town

 Balança antiga

 San Diego Old Town

                                                                San Diego Old Town


  San Diego Old Town - Fiesta de Reyes

  San Diego Old Town - Fiesta de Reyes

Praça de San Diego Old Town 

  San Diego Old Town

  San Diego Old Town

  San Diego Old Town

  San Diego Old Town


Fora da área original da Old Town, mas ainda em suas proximidades, é possível encontrar outros locais históricos e muito interessantes de se conhecer, como o Mormon Battalion Memorial, museu que conta a história da mais longa marcha militar que se tem notícia, que percorreu duas mil milhas, mais de 3.200 quilômetros, saindo em julho de 1846 de Council Bluffs, em Iowa, e chegando em janeiro de 1847 em San Diego. O Mormon Battalion era constituído de cinco companhias, totalizando mais de 500 homens, e que apoiou as forças militares americanas durante a guerra com o México.

  San Diego Old Town - Mormon Battalion Memorial


Um pouco mais à frente encontramos a Heritage Park Vitorian Village um parque do condado adjacente a Old Town com várias casas vitorianas históricas restauradas, além da primeira sinagoga de San Diego. Todas elas foram removidas de seus locais originais e realocadas no parque, sendo que duas delas servem como pousadas do tipo bed & breakfast.

 1º Sinagoga de San Diego - construída em 1889



1º Sinagoga de San Diego - construída em 1889

Casa Vitoriana no Heritage Park Vitorian Village

Christian House, construída em 1889, localizada no Heritage Park Vitorian Village


Christian House, construída em 1889, localizada no Heritage Park Vitorian Village


Há ainda o El Campo Santo Cemetery, segundo mais antigo de San Diego e datado de 1849, quando ocorreu o funeral de Juan Adams. Até os anos 1880 o cemitério continuou a ser utilizado pelos moradores da cidade. Em 1889, um antigo caminho para carroças, hoje a San Diego Avenue, foi construído sobre parte do cemitério. O cemitério deteriorou-se com o passar do tempo e apenas em 1933 o San Diego Historical Society passou a restaurá-lo da forma mais apurada possível, baseado em fotos e descrições da época em que era utilizado. O fato pitoresco ficou por conta da descoberta de aproximadamente 20 túmulos localizados sob a San Diego Avenue, com o uso de equipamentos de ultrassom, durante pesquisas para recuperar a história do local. Essa história é contada em um placa que homenageia os desconhecidos que descansarão eternamente sob a avenida da cidade moderna.

Cemitério El Campo Santo

Placa que homenageia e conta a história daqueles que estão sepultados sob a San Diego Avenue

Aspecto do El Campo Santo Cemetery

Foto do mesmo cemitério em 1888